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A intervenção em Análise do Comportamento Aplicada (ABA do inglês Applied Behavior Analysis) é um modelo de terapia que objetiva promover mudanças práticas e significativas no comportamento humano a partir de mudanças em eventos ambientais, incluindo estímulos antecedentes e consequências.

Baseada na premissa de que o comportamento de um indivíduo é determinado por eventos ambientais passados e atuais em conjunto com variáveis orgânicas, como sua dotação genética e variáveis fisiológicas, a ABA é uma abordagem científica de intervenção e ensino que vem sendo amplamente estudada e utilizada, com muita eficácia, no atendimento a pessoas com neurodesenvolvimento atípico, com resultados comprovados tanto no âmbito nacional como internacional.

A “terapia ABA” (como é popularmente chamada) se concentra na análise, desenho, implementação e avaliação de comportamentos, e inclui observação direta, medição e análise funcional das relações entre ambiente e comportamento. Para a ABA, o comportamento é uma relação entre o contexto (estímulos antecedentes), a resposta do indivíduo e suas consequências. Sentimentos, pensamentos, emoções e ações são comportamentos, pois são respostas derivadas de uma relação entre o indivíduo e ele mesmo, entre o indivíduo e os outros, e entre o indivíduo e o ambiente ao seu redor.

Seguimos o preconizado pelos órgãos BACB® (Behavior Analyst Certification Board) e QABA® (Qualified Applied Behavior Analysis Credentialing Board), que são organizações sem fins lucrativos, com a missão de proteger os consumidores de serviços de análise de comportamento em todo o mundo, protegendo e difundindo padrões profissionais. Cabe destacar que o QABA estabelece diretrizes específicas para a atuação de Analistas do Comportamento que trabalham com pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

1. Serviços envolvidos na intervenção ABA

A equipe de profissionais de ABA fornece tanto serviços diretos, ou seja, que envolvem o contato com o cliente ou cuidadores, quanto serviços indiretos, isto é, que não envolvem o contato direto com o cliente ou cuidadores.

Fazem parte dos serviços diretos: Implementação de protocolos e programas de ensino; observação direta; monitoramento da integridade do tratamento para garantir a implementação satisfatória dos protocolos de tratamento; gerenciamento da equipe e/ou cuidadores na implementação de protocolos de tratamento novos ou revisados. Em todos esses serviços, o cliente está presente.

Fazem parte dos serviços indiretos da equipe de ABA: Elaboração do Plano de Ensino Individualizado (PEI) e/ou Plano de Intervenção Comportamental (PIC), de relatórios, de procedimentos de ensino e de melhorias no PEI/PIC; desenvolvimento de objetivos observáveis e quantificáveis de tratamento, de protocolo e sistemas de coletas de dados; análise de gráficos, de registros de dados; planejamento de intervenções e avaliação do progresso do cliente em relação aos objetivos do tratamento; planejamento de intervenções e do plano de transição/alta; direcionamento da equipe e/ou cuidadores sem a presença do cliente para implementação de protocolos de tratamento novos ou revisados.

Estas características devem ser levadas em consideração cliente a cliente, ou seja, é necessário que cada caso seja constantemente avaliado individualmente, acompanhando os progressos em direção às metas estabelecidas, o contexto do tratamento, os recursos críticos do comportamento, e os recursos disponíveis do ambiente de tratamento.

2. Modalidades de Intervenção ABA

• Intervenção ABA abrangente: refere-se ao tratamento dos vários domínios de desenvolvimento afetados, como comportamentos interferentes (ex.: auto-lesão, destruição de propriedade, estereotipias) e funcionamento cognitivo, comunicativo, social, emocional e de adaptação.

Exemplo de intervenção ABA abrangente: intervenção comportamental intensiva precoce, em que o objetivo principal é fechar a lacuna entre o nível do cliente de funcionamento e que de seus pares com desenvolvimento típico.

• Intervenção ABA focada: refere-se ao tratamento fornecido para um número limitado de alvos comportamentais. Ela não está restrita por idade, nível cognitivo, ou condições co-ocorrentes. Planos ABA focados são apropriados para pessoas que (a) necessitam de tratamento apenas para um número limitado de habilidades funcionais chave ou (b) têm tal comportamento problema agudo que seu tratamento deve ser a prioridade, como intensa auto-agressão, por exemplo.

3. Quem compõe a equipe ABA?

• Psicólogo(a) e supervisor(a) do caso, com formação mínima de Mestrado em Análise do Comportamento;

• Psicóloga e assistente de supervisão/coordenadora do caso, responsável técnica, com pós-graduação em Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e com outros cursos complementares e fundamentais à atuação na área e experiência no atendimento de pessoas com TEA;

• Outros terapeutas e acompanhantes terapêuticos (AT) com, no mínimo, formação básica em ABA (Curso livre de no mínimo 40 horas, conforme regras da ABPMC2), com curso superior concluído ou em conclusão, que realizarão as intervenções domiciliares, em consultório e/ou na escola.

4. Intensidade e duração da intervenção ABA

• Intervenção ABA abrangente: geralmente envolve um nível de intensidade de 30-40 horas de tratamento direto 1: 1 para o cliente por semana, não incluindo treinamento de cuidadores, supervisão e outros serviços necessários. No entanto, crianças muito pequenas podem começar com algumas horas de terapia por dia com o objetivo de aumentar a intensidade da terapia conforme sua capacidade de tolerar e participar permitir. As horas de tratamento são subsequentemente aumentadas ou diminuídas com base na resposta do cliente ao tratamento e às necessidades atuais.

• Intervenção ABA focada: geralmente corresponde a 10-25 horas por semana de tratamento direto (sem contar com supervisão direta e indireta e treinamento de cuidadores). No entanto, certos programas para comportamento interferente severo pode exigir mais de 25 horas por semana de terapia direta.

A duração da intervenção dependerá da eficácia da resposta do cliente e da adesão da família ao tratamento. Quando elaboramos o PEI/PIC, estabelecemos comumente o prazo de 1 ano para alcançarmos os objetivos elencados. Contudo, é possível que esses objetivos sejam conquistados em menos tempo e novos objetivos sejam formulados. Também é possível que, ao final do período de 1 ano, ainda seja necessário aprimorar algumas habilidades. Uma nova avaliação comportamental será feita a fim de traçar o planejamento de intervenção apropriado aos novos objetivos.

Referência: Council of Autism Service Providers (CASP). (2020). Applied Behavior Analysis Treatment of Autism Spectrum Disorder: Practice Guidelines for Healthcare Funders and Managers (2ª ed.) Obtido em https://casproviders.org/asd-guidelines/.

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